quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Feliz Natal

Feliz Natal, pessoal!

domingo, 20 de dezembro de 2015

"casca de amendoim"


Em direção ao Horizonte, ao encontro dos colegas Roberto e Rafael Martins, ponto pequeninos no vídeo devido a distância e ao mar imenso.. O Saudoso Lyra dizia, "nós, e as nossas cascas de amendoim".

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Novidade: Protótipo de caiaque brasileiro a pedal e hélice

Claramente baseado no caiaque Slayer Propel 10, da Native, um fabricante estadunidense, a empresa Milha Nautica Brasil publicou no Youtube um vídeo do protótipo de seu novo caiaque a pedal.
Como principal diferencial aos caiaques da Hobie a pedal, esses têm a capacidade de navegar à ré, uma capacidade muito bem vinda para quem necessita de posicionamento para lançamentos de precisão, como nas pescas do Robalo e Tucunaré.



Também como diferencial, mas a favor do Hobie, o torque e a velocidade são bem maiores no caiaque a pedal com barabatanas, o que impede o baixo rendimento e até a imobilização em casos de vento e/ou correnteza mais fortes.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Akira e Otávio Calmon na pescaria de sexta feira passada no Porto da Barra. Akira depois dessa confessou que precisa aprender a mergulhar a vara.


Tal caiaque é bom?


O que você acha de tal caiaque?
O caiaque que eu comprei é bom?
Vou comprar o caiaque tal, pois é muito bonito, que acha?

Escuto ou leio essas pergunta várias vezes ao dia e acho muito engraçada, principalmente quando o indagador já efetuou a compra do seu caiaque de pesca.

Se você já comprou o caiaque, só você poderá dizer se seu caiaque é “bom”, pois o comportamento dele no uso que você fará e nos locais que usará serão fatores determinantes para a resposta da sua própria pergunta. Outra pessoa não conseguirá responder.

Escolher um caiaque sem ter por base o seu uso principal é na maioria dos casos desastroso, principalmente se o caiaque não tiver uma boa liquidez para a revenda. Por princípio, não há caiaque ruim, há caiaques inadequados ao uso que se destinam e/ou ao bolso de quem o adquire. 

Imagine o cara que comprou um Hobie Outback para usar principalmente em um local raso, com pedras e cujo acesso requer sempre duas pessoas para carregar, pois o acesso não permite a passagem de carrinhos, O caiaque dele é bom? Claro que não, o caiaque adequado para ele teria que ter as características de ser leve, de pequeno calado (parte do caiaque que fica submerso) e resistente à impactos, características que não são próprias do Hobie Outback, e apesar de ter gasto muito dinheiro no caiaque, para o uso a que se destina, o caiaque é totalmente inadequado. Não é um bom caiaque... para esse uso.

Ao contrário do que um caiaque de lançamento recente apregoou em uma forte campanha promocional, envolvendo muitos caiaqueiros que “se deixaram levar” sem sequer mostrar evidências claras do que diziam, não existe o “caiaque bom de tudo”, o “caiaque filosofal”, àquele que transformaria qualquer uso em ouro, e se você quer ter disponível um caiaque “bom de tudo” terá que ter no mínimo dois caiaques, e olhe lá.

Engraçado e até assustador é que os donos de caiaque após terem efetuado a compra passam a defender os seus caiaques como “o melhor”, como um dogma religioso. Causei espanto há pouco mais de um ano quando publiquei um review de um famoso caiaque destacando seus pontos altos e pontos fracos. Os pontos fracos que citei, incontestáveis, causaram revolta entre os donos desse caiaque e apenas uns poucos elogios pela minha imparcialidade. Ou seja, ao saber a opinião de um dono de caiaque, procure saber se há uma relação, digamos, emocional, do dono com o caiaque. Se notar isso, fuja dessa opinião e de todos os que dizem “o melhor é o..” sem especificar em que o tal do caiaque é melhor. Mas os piores mesmos são os “ostentadores”, os que compram o caiaque caro apenas para dizerem que o têm, esses então não aceitam qualquer review sobre a inaplicabilidade dos seus caiaques a algum uso. Ao identificar um desse tipo, também fuja...mas correndo, pois são os piores.

Um fator recente que mexeu no mercado de caiaques foi o lançamento no mercado nacional dos caiaques com a cadeira elevada. O lançamento do Caiman 100 obrigou os outros dois maiores fabricantes de caiaques nacionais a seguirem essa tendência, a Lontras e a Brunndem. Sem dúvida mais confortável e proporcionando um “bumbum” seco e fresco em toda a remada, têm como maiores problemas o centro de gravidade mais elevado, que obriga o projeto a ter uma estabilidade primária* maior em detrimento da estabilidade secundária* menor e uma maior área vélica, que quando pega vento de frente transforma um caiaque de cadeira elevada e movido a remo na pior experiência que um caiaqueiro pode ter. O fato de ter uma cadeira elevada também não qualifica nenhum caiaque como um “caiaque bom" e muito menos "bom de tudo”.

Lembre-se que em remadas curtas, áreas largas, sem vento, sem ondas, profundidade de um metro e sem correnteza e de fácil acesso, até uma câmera de pneu de trator serve bem para se pescar. Sob essas condições, a maioria dos caiaques servem perfeitamente, e ai sim pode entrar o emocional, como o mais bonito, o mais simpático, tem as mais belas cores...só depende do bolso, mas essas condições juntas, a cada pescaria, são raras.

Se suas condições e necessidades de pesca são para locais com correnteza e vento, com remadas mais longas, acima dos 4 km, escolha um caiaque de bom traking**, pouco arrasto*** com uma boa relação entre a estabilidade primária e secundária. 

Portanto, caso você seja um candidato a caiaqueiro, durante a escolha de seu caiaque questione o uso principal de todo caiaque que lhe indicarem, procure remar o caiaque escolhido no lugar que será de seu maior uso e nas condições normais e adversas (mar, represa, rio, mangue, deslocamentos longos ou curtos). Nem sempre o caiaque mais bonito visualmente, ou ainda o mais caro, pode ser o melhor caiaque para de fato você usar, àquele que atende bem suas necessidades principais.

Caiaque bom, é o caiaque adequado ao uso e ao bolso do caiaqueiro. O que recomendo é que verifique qual vai ser seu principal uso e baseado nisso e no melhor custo escolha seu caiaque. Se possível, faça um teste com o caiaque escolhido, os caiaqueiros, na maioria, terão prazer em lhe proporcionar esse teste.

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Há uma relação inversa entre a estabilidade primária (àquela em que o caiaque permanece estável para pequenas oscilações, tal como ficar em pé) e a estabilidade secundária (àquela em que o caiaque não "vira" mesmo quando recebe uma onda forte pelos bordos). O que equivale a dizer que àquele caiaque que é ótimo para pescar em pé, vai tombar com qualquer marola pela lateral. Veja a figura abaixo: 



 Essa figura veio daqui: https://caiaqueoceanicobrasil.wordpress.com/2013/05/07/conceitos-basicos-tipos-de-caiaque/ uma excelente matéria sobre conceitos básicos de caiaque.

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Tracking é a capacidade de um caiaque permanecer no rumo, sem "rebolar", enquanto está sendo remado e de permanecer no rumo quando se pára de remar. A existência de uma quilha é sinal que o caiaque possui bom tracking, o que é fundamental se seu tipo de pesca precisa de deslocamentos, posicionamentos e arremessos de precisão, como nas pescas do robalo e do tucunaré.

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Arrasto é a resistência ao avanço aplicada à superfície externa do caiaque em contato com a água, sem considerar a correnteza. Influi muito para um valor alto de arrasto o projeto do casco e o material do casco. Um caiaque oceânico de fibra de vidro ou carbono com revestimento polido, como os EPIC ou os da Uiba Ui caiaques, tem um pequeno arrasto e um caiaque projetado para a pesca em pé, como o PA da Hobie, Caimam da Eko e vários da Jackson, como o Cuda. Por isso a extrema necessidade de um casco bem liso e a obrigação do caiaqueiro de mantê-lo limpo.   

editado em 7/12/2015