segunda-feira, 21 de abril de 2008

Congelando Pititinga

Alguns colegas pescadores do Clupesal têm debitado meu sucesso em algumas etapas dos torneios, e até foras delas, ao uso da pititinga como isca.

Não estão de todo enganados, em minha percepção, pois a pititinga está presente na maioria da orla de Salvador e arredores e é a comida principal dos peixes‐predadores‐de‐peixes‐menores. A pititinga deve ser para eles muito atrativa.  

O André Farias, membro de um clã de várias gerações de pescadores e pescadoras de sucesso, endossou o uso desta isca ao “matar a pau” em uma pescaria em Sauípe durante as férias. O próprioJúnior (Juca), pescador extremamente técnico, também já manifestou interesse. Este endosso mais interesses e pedidos dos colegas pescadores encorajaram‐me a escrever este “tip” (dica). Sem falar que, se todos estiverem corretos, estaremos elevando a competitividade e equalizando meios no âmbito do Clupesal.

O problema maior da pititinga como isca é como achá‐la disponível para compra e no tamanho certo no dia que você precisa. É um verdadeiro golpe de sorte se chegar a Itapuã, Arembepe ou Rio Vermelho e encontrá‐la e, ainda por cima, no tamanho certo. Qual o tamanho certo? Respondo: Àquele ao uso que se destina.   

Explico: Se você for comprar e usar na mesma hora, colocando‐a em um “isopor” com gelo, qualquer tamanho serve, pois você compensa com o uso do anzol de tamanho compatível. Mas se sua intenção for congelar para usar um ou mais dias depois não é aconselhável que seja da pititinga pequena. Tem que ser a chamada “pititinga‐boca‐de‐galo”, a maior. Isto por que com o congelamento algumas características se alteram e a principal é a consistência. Quanto menor, mais mole fica. As melhores para congelar são as de tamanho acima dos cinco centímetros.

Bem, digamos que você foi ao Rio Vermelho e encontrou a pititinga de bom tamanho (boca‐de‐galo), mas você quer guardá‐la para a próxima etapa do Torneio do Clupesal que será daí a algumas semanas, você deve fazer o seguinte: 
  • 1‐ Prefira a pititinga pescada na hora e imediatamente coloque‐as em um “isopor” com gelo e vá rapidamente para casa ou local que você possa executar as operações abaixo. Lembre‐se que é uma operação de alto risco: o local vai ficar o cheiro de peixe e dependendo como sua mulher, namorada, sogra e filhas encarem isto você poderá, novamente, apanhar ☺.
  • 2‐ Ao chegar, escorra toda a água e gelo e espalhe as pititingas em duas folhas abertas de jornais sobrepostas, ou mais, dependendo da quantidade de pititingas que você comprou. As folhas de jornais absorverão mais  um pouco da água. Agora pegue sal de cozinha comum e polvilhe um pouco sobre as pititingas. Mexa com as mãos, sem apertar, para que as pititingas fiquem envolvidas com pouco sal (lembre‐se que você não está fazendo bacalhau). Aguarde cerca de dois minutos, pois um pouco mais de água sairá. Pegue agora outra folha de jornal fechada e espalhe uma quantidade de pititinga, agora envoltas em sal, em uma área aproximada de 25x15 cm colocando‐as lado a lado, como nas figuras abaixo
  • 3‐ Feche o pacote e ele ficará como na figura abaixo. É o chamado “cartucho” de pititinga.
  • 4‐ Repita com o restante das pititingas e coloque o pacote dentro de um saco plástico (vide figura abaixo) e leve ao congelador dando preferência para que fiquem em contato com o gelo, pois isto fará com que o congelamento ocorra o mais rápido possível. Toda esta operação deve ser feita no menor tempo possível. Quanto elas vão durar? Meu recorde foi de três meses para o uso e ocorreu nesta última etapa do Torneio do Clupesal (Município de Conde, dias 12 e 13 de abril) e ainda assim fiquei em terceiro lugar, com pequena diferença para os primeiros lugares.                                                                                                                                                                             
  • 5‐ Alguns lembretes: O “segredo” é congelar o mais rápido possível com a quantidade de água menor possível. Use jornal velho, pois o jornal novo deixará cheiro de tinta. Transporte os “cartuchos” com gelo, sem amassar. Retire para uso aos poucos, deixando a maior parte no “isopor” com gelo. Caso ainda fiquem “moles” quando for usá‐las, deixe‐as um pouco ao sol, pois desidratarão e ficarão duras permitindo o iscamento e lançamento, embora percam um pouco da atratividade. Para retirar o cheiro das mãos use borra de pó de café. Para retirar o cheiro do local onde manipulou lave com água sanitária. 
  • Boa pesca.

2 comentários:

  1. Obrigado Milton pelas dicas! Eu sempre fiz este mesmo processo, mas sem a técnica de finalização do sal.
    Obrigado, e uma ótima pesca a todos!
    Márcio Viana.

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